terça-feira, 30 de agosto de 2016

Crise ou mudança de paradigma?

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos". Fernando Teixeira de Andrade

"Em condições normais, o cientista não é um inovador, mas um solucionador de quebra-cabeças, e os quebra-cabeças sobre os quais ele se concentra são apenas aqueles que ele acredita que podem ser definidos e resolvidos dentro da tradição científica existente. Por isso são muito poucos cientistas que conseguem quebrar os paradigmas..." Thomas Khun


Vivemos com uma permanente sensação de que estamos em crise. No trabalho, na vida pessoal, na família. Para Roberto Panzarani, professor e pesquisador italiano, esta sensação é real. Estamos vivendo um momento revolucionário, de quebra de paradigmas. Tanto na vida pessoal quanto nas organizações e no trabalho estamos confrontados com o desafio de criar e propor novos modelos de negócios, novas formas de se organizar para resolver problemas que são cada vez mais complexos.

A complexidade do mundo não pode mais ser enfrentada com um modelo mental cartesiano, onde uma visão dual não consegue mais dar conta das milhares de relações envolvidas em redes cada vez mais dinâmicas e mutáveis. Ao mesmo tempo, as redes sociais e as tecnologias estão empoderando o cidadão. Cada pessoa, com seu smartphone é uma empresa, é capaz de resolver problemas que antes só podiam ser resolvidos por organizações hierárquicas e poderosas. É o que Roberto Panzarani chama da "economia molecular".

Estas foram algumas das ideias trazidas pelo pensador italiano durante o Workshop "Como transformar seu negócio no universo da Nova Economia" realizado no Rio de Janeiro no dia 27 de agosto.



Podemos comprovar que o paradigma produtivo mudou quando mais da metade do mundo, em termos de população, e muito mais que isso em termos de produção econômica, adotou a Internet como plataforma de negócios e quando mais da metade da população já está conectada através de seus telefones portáteis. Devíamos perceber que já estamos vivendo num novo mundo quando empresas que surgiram no final do século passado, como a Google, valem hoje mais do que as empresas de petróleo e que têm outros modelos organizacionais. Enquanto a Google tem apenas 2 níveis hierárquicos estas empresas tradicionais tem 9 ou 10 níveis hierárquicos. Em uma entrevista com o executivo principal da Google, Roberto Panzarani o questionou sobre esta diferença e a resposta foi: "Por que deveria desperdiçar meu dinheiro controlando as pessoas?". 



É um novo mundo que já se tornou realidade, mas que ainda tem a imensa maioria das pessoas vivendo ainda com modelos mentais do século XX. Querem controlar os trabalhadores como se estes ainda realizassem um trabalho mecânico e repetitivo, mas a maioria do trabalho hoje é um trabalho intelectual, onde o modelo de gestão não pode mais ser o mesmo. Este início de século XXI é, definitivamente, um outro mundo.

Esta separação entre o mundo real e nossos modelos mentais antigos provoca esta sensação de crise permanente. A maneira de resolver isto é adotarmos modelos mentais e de negócios inovadores, que nos ajudem a entender e viver nesta nova realidade. 

Como nos ensina o poeta português, "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos".



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